Os americanos estão debatendo vigorosamente o mérito de continuar travando a economia dos EUA para impedir a propagação do COVID-19. Uma única estatística pode ser a chave para resolver esse debate: a impressionante quantidade de mortes que ocorrem em asilos e instalações de vida assistida.
Casas de repouso e instalações de vida assistida: um lockdown fracassado e obrigatório
Ontem os EUA chegaram a marca de 100,000 mortes tendo como responsável o Covid19, virus novo, que com alguns casos iniciados na China logo se espalhou mundo afora e causou tudo que vocês estão vendo de estrago por ai. Mas o estrago maior ainda estava por vir: pânico da população, aliado ao conmportamento arrogante e totalitário de políticos e burocratas que não tinham a menor idéia do que fazer para cuidar um pouco melhor da sua (e da minha) saúde. A preocupação deles - acredite - era somente não lotar os hospitais. E isso não tinha nada a ver com a grande compaixão simulada que muito demonstraram nas TVs e internet.
Essa pandemia acaba de comprovar um fato já conhecido: governantes somente se preocupam com eleições e voto, e tudo que pode estragar isso entra imediatamente na lista de prioridade deles, para ser combatido a exaustão, usando duas armas muito poderosas: medo e mídia.
Espalhar coisas na mídia sempre foi uma arma de qualquer político, mas quando se espalha coisa errada o tira sai pela culatra. E os dados sobre a necessidade de aprisionar todo mundo em casa para fazer com que menos pessoas morressem pareciam ir de encontro ao desejo totalitário de muitos. Vendo os comunicados e os shows de midia na hora de se apresentar os resultados, diariamente, fez lembrar um show de horrores de um filme muito mal produzido.
E quanto mais nos debruçamos sobre os fatos, mais alarmantes são as conclusões, e aqui nos EUA muitos veículos de mídia estão começando a mostrar o que para mim foi um genocídio passivo assistido: as mortes de pessoas de idade que vivem nas nursing homes nos EUA.
Para quem não está familiarizado, uma Nursing Home é um misto de asilo com atendimento médico primário voltado a pacientes idosos, que em muitas vezes até optam por isso de comum acordo com seus familiares. A idéia por lá é dar um suporte médico básico, e existem algumas casas que são realmente exemplares. Outras, nem tanto, e vez por outra aparecem nos noticiários policiais.
Quando o Covid19 chegou, uma coisa era certa: como qualquer virose respiratória, um dos principais grupos de risco era o de pessoas acima de 65 anos de idade. Temos muita dúvida sobre como melhorar o futuro no tocante a epidemias, mas essa dúvida ninguém tem: nossos velhinhos são um grupo de risco importante para qualquer virus respiratório.
Um dado alarmante foi mostrado nesta semana numa reportagem da Forbes: quase metade das mortes por Covid19 nos EUA ocorreram nessas Nursing Homes.
Hoje cerca de 2,1 milhões de americanos, representando 0,62% da população dos EUA, residem em asilos e instalações de vida assistida. Como dissemos, esses asilos são residências para idosos que precisam de ajuda com as atividades da vida diária, como tomar banho ou se vestir, que também exigem supervisão médica 24 horas por dia, 7 dias por semana; instalações de vida assistida são projetadas para idosos que precisam de ajuda com as atividades da vida diária, mas não requerem supervisão médica em tempo integral no local. Mas aqui englobaremos eles na mesma categoria de Nursing Homes, para simplificar.
De acordo com uma análise que Gregg Girvan e Avik Roy, autor da matéria na Forbes, realizaram para a Fundação de Pesquisa sobre Igualdade de Oportunidades, em 22 de maio, nos 39 estados que atualmente relatam esses números, 43% de todas as mortes por COVID-19 ocorreram em Nursing Homes. Aqui no meu estado, Massachusetts, 62% das mortes ocorreram nessa localidade. Veja o gráfico com as porcentagens por Estado, retirado da matéria da Forbes:
Cuidado para não ter vontade de vomitar quando repetimos esse dado, agora unindo as duas coisas, população alvo vs mortes: 43% de todas as mortes de COVID-19 ocorreram em instalações que abrigam 0,62% da população dos EUA.
E lembrem ainda que 43% podem ser um dado subestimado. Estados como Nova York excluiram de suas casas de repouso os que morreram em um hospital, mesmo que tenham sido originalmente infectados em uma instalação de vida assistida. Fora de Nova York, mais da metade de todas as mortes por COVID-19 são de residentes em instituições de longa permanência.
Antes da semana passada, Ohio relatava que 41% das mortes por COVID estavam ocorrendo em instituições de longa permanência. Mas divulgações atualizadas na última sexta-feira, levando em consideração as mortes anteriores a 15 de abril, aumentaram essa participação para 70%. Em Minnesota, 81% de todas as mortes de COVID-19 forão em lares de idosos e em residências para idosos.
E observem ainda esse dado impressionante sobre New Jersey: quase um décimo de todos os residentes de cuidados prolongados de Nova Jersey morreram de COVID-19. Você não leu errado: 10% dos idosos desses lugares naquele estado morreram por conta da epidemia. Quem não se espantar com isso deve ficar preocupado.
Outra maneira de observar os dados foi anotar as mortes em Nursing Homes como uma parcela da população que vive nessas instalações. Nessa base, três estados se destacam na direção negativa: Nova Jersey, Massachusetts e Connecticut.
Em Massachusetts e Connecticut, as mortes por COVID por 10.000 lares e residentes em instalações de vida assistida foram 703 e 827, respectivamente. Em Nova Jersey, quase 10% de todos os residentes de instituições de longa permanência - 954 em 10.000 - morreram do novo coronavírus:
A tragédia disso tudo é que não precisava ser assim. Em 17 de março, quando a pandemia estava começando a acelerar, John Ioannidis, epidemiologista de Stanford, alertava que mesmo alguns chamados coronavírus do tipo resfriado leve são conhecidos há décadas [por] ter taxas de mortalidade de casos tão altas quanto 8% quando infectam pessoas em lares de idosos. Ioannidis foi ignorado, e os governantes preferiram fechar escolas. para vocês terem uma idéia da grandeza disso, somente a Califórnia, maior estado em população dos EUA, tem 6.2 milhões de crianças e adolescentes que ficaram sem aula. Isso representa 3 vezes mais a população de idosos. Em todo o continente americano são pouco mais de 50 milhões de estudantes no sistema K12 (6 a 18 anos de idade).
Traduzindo em miudos: os governantes burocratas, usando a falsa justificativa de estarem suportados pela ciência em suas determinações, preferiram fazer o isolamento em uma população de baixissimo risco (todos nós, principalmente jovens), ao invés de ter o olhar voltado para o primeiro grupo com o qual deveriam se preocupar: a população de Nursing Homes. Mas, essa população não dá voto em novembro nas próximas eleições e não dá midia. Isso é asqueroso demais, para falar o mínimo.
New York, New Jersey e Michigan obrigaram asilos a aceitar pacientes infectados
Para piorar ainda mais, além de não se preocupar em olhar esses lares com a devida atenção, estados como New York, New Jersey e Michigan ordenaram que asilos aceitassem pacientes com infecções ativas por COVID-19 que recebiam alta hospitalar. Ou seja: eles LEVARAM o virus até outras pessoas pertencentes ao PIOR GRUPO DE RISCO POSSÍVEL.
A interpretação mais caridosa dessas ordens é que elas foram projetadas para garantir que os estados não superlotassem suas UTIs. Mas bem após o pico das hospitalizações, governadores como Andrew Cuomo, de Nova York, estavam reforçando essas ordens, dizendo que era assim que tinha que ser feito. Eles adoram o poder, algo meio sádico mesmo.
Em 23 de abril, Cuomo declarou que as casas de repouso "não têm o direito de se opor" à aceitação de pacientes idosos com infecções ativas por COVID. "Essa é a regra e esse é o regulamento e eles precisam cumprir isso." Tirania é pouco para classificar essa ordem. Somente em 10 de maio - após a morte de quase 3,000 residentes de casas de repouso e instalações de assistência social em Nova York é que Cuomo retirou e rescindiu parcialmente sua ordem.
A mudança de postura de Cuomo chegou tarde demais para Maria Porteus, relata o artigo da Forbes. Seu pai, Carlos Gallegos, morreu de COVID-19 em um lar de idosos em Long Island, em abril, que aderiu ao mandato de Cuomo. "É um tapa na cara", disse ela, "porque ele não está assumindo a responsabilidade pelo que aconteceu com meu pai e tantos outros". E a vida de burocratas políticos é sempre assim: eles nunca são responsáveis por NADA que acontece em termos legais. Essa história tem que acabar um dia. Quando o primeiro for para a cadeia, a coisa começará a mudar.
Por que a Flórida teve um desempenho melhor com idosos vulneráveis
A Florida é conhecida como um dos estados de escolha para quem quer se aposentar. Clima agradável, boas praias, sol, é tudo que o aposentado quer para terminar o seu ciclo de vida bem. Quando a epidemia começou por aqui, muitos diziam que por lá a coisa seria muito complicada, pois tinhamos a idéia da Italia, também sofrendo com o seu grupo etário mais velho.
Compare, porém, as decisões dos governadores Cuomo (NY) com as do governador da Flórida, Ron DeSantis. Na Flórida, por exemplo, os trabalhadores de Nursing Homes foram rastreados quanto aos sintomas do COVID-19 antes de entrar em uma instalação. E o governador agiu cedo.
No dia 15 de março, antes do fechamento da maioria dos estados, DeSantis assinou uma ordem executiva que proibia visitas de amigos e familiares e também proibia hospitais de descarregar pacientes infectados com SARS-CoV-2 em instalações de cuidados prolongados.
"Todos os dias nessas ligações [com hospitais], eu ouvia os mesmos comentários e perguntas: 'Precisamos levar essas pessoas de volta ao lar de idosos' '", disse Mary Mayhew, que dirige a Agência de Administração de Saúde da Flórida. “Nós traçamos uma linha dura desde o início. Eu disse repetidamente ao hospital, aos CEOs, aos planejadores de alta, aos oficiais médicos, 'eu entendo que há 20 anos, especialmente através da política de reembolso do Medicare, que entrar e sair de indivíduos é necessário para o seu serviço. Esse não é o nosso foco hoje. Não vou mandar ninguém de volta para uma casa de repouso com o menor risco de ser positivo apra o Covid19. ”"
A Flórida também priorizou instalações de cuidados de longo prazo para aquisição de equipamentos de proteção individual, ou EPI, com o entendimento de que era igualmente importante, se não mais, proteger os trabalhadores em casas de repouso e instalações de vida assistida. "Se eu puder enviar EPI para os lares de idosos, e eles puderem evitar um surto lá, isso fará mais para reduzir o fardo para os hospitais do que apenas enviar-lhes outras 500.000 máscaras N95", disse DeSantis.
Para deixar mais claro
Se você ainda está achando exagerado tudo isso, e que os políticos merecem o benefício da dúvida, repense isso quando olhar esse gráfico abaixo. Conforme disse acima, 2.1 milhões de pessoas vivem nesses lares. A população americana hoje é de cerca de 328 milhões de habitantes.
Como vimos, das 100 mil mortes até agora registradas, 43% delas foram registradas nesses lares de idosos. Contabilizando as mortes por milhão de habitantes, os dados são assustadores, e comprovam para mim o genocídio passivo nesse grupo de habitantes: cerca de 20 mil mortes por milhão foram nas Nursing Homes, contra 175 por milhão no resto dos EUA.
Com base nos dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, em 13 de maio, aqueles com mais de 85 anos tinham 314 vezes mais chances de morrer de COVID-19 do que aqueles entre 25 e 34 anos; os menores de 15 anos, por outro lado, têm 43 vezes menos chances de morrer da doença do que os de 25 a 34 anos. Veja no gráfico abaixo a diferença que existe quando estamos falando da influenza e do Covid19. Somente lembrando que por conta dessa maior chance de pegar influenza nenhuma aula é paralizada aqui nos EUA. Claro que tem a vacina, mas nem por isso a molecada deixa de pegar uma flu.
Fonte https://freopp.org/
Porque tirar todo esse pessoal da escola? Qual a justificativa disso? Da próxima vez que vocês acharem que os burocratas do governo sabem de alguma coisa, que estão baseando suas decisões em "ciência", espero que você se lembre do que estou escrevendo aqui.
Sempre soubemos, até por lógica e bom senso, que a população mais vulnerável é aquela acima de 65 anos, mais especificamente aquela acima de 85 anos de idade. Vejam abaixo o gráfico de barras mostrando as mortes por milhão devido ao Covid19 distribuidas por faixa etária (até 13 de maio de 2020):
Fonte: https://freopp.org/
Quando acharem que os burocratas do poder sabem mais que eu ou você desconfie. Dependendo da idade, essa desconfiança pode ser importante para salvar a sua vida. Não sei para você, mas para mim isso tudo é revoltante demais.
God Bless our Old People
Eu sempre fui um admirador de pessoas de mais idade que eu. Acredito inclusive nas métricas baseadas pela quantidade de rugas que a pessoa tem. Quanto mais melhor, pra mim - claro, que sem ser exagerado, como tudo na vida.
Rugas demonstram preocupação e ação. Quem não sorri não tem rugas, quem não fica tenso de vez em quando muito menos. E quem viveu por muito tempo entre dúvidas, angústias e sorriso, e sobreviveu para contar a história por 70-80-90 anos, merece todo nosso respeito e admiração.
A capa desse artigo é uma homenagem ao sorriso gostoso da maturidade, mesmo sabendo que esse direito de continuar sorrindo entre amigos foi arrancado deles pela incompetência e pelo fascinio do poder que hoje domina a classe de políticos e burocratas que estão soltos por ai. Tiranos, disfarçados de democratas e cuidadores do povo, mas que não passam de seres humanos com um nível de egoismo e psicopatia assutadores, em alguns casos.
Gente honesta e boa existe nesse classe, é claro, mas está cada vez mais raro de ser encontrada. Lute pelo direito de ter gente nova por lá, lute por nossos velhinhos e velhinhas, nunca tolere o abuso e o desrespeito a essa gente, enfim, lute por um mundo mais justo e menos dependente do Estado. E quando ver ou ouvir que esse pessoal está fazendo tudo "pelo bem do povo", não acredite nisso. Na maior parte das vezes o único interesse dele é o seu voto, para que ele se perpetue no poder, para continuar dominando você.
Já passou da hora de acordarmos para tudo isso. Quanto mais as pessoas se calarem, mais essa turma vai continuar por ai. Vamos fazer a nossa parte.