O produto interno bruto dos EUA ficou negativo pela primeira vez desde 2014 nos primeiros três meses do ano. A culpa (sempre tem um culpado) foi a epidemia de coronavírus que se espalhou pelo mundo e pelo país em março, quando a economia foi paralisada na marra para - teoricamente - evitar um mal maior. Se isso no longo prazo foi benéfico ou não para a saúde ainda é cedo para avaliar, mas para a economia já podemos notar que isso não foi nada bom.
O Bureau of Economic Analysis (BEA) dos EUA divulgou sua estimativa antecipada do PIB do primeiro trimestre de 2020 na quarta-feira de manhã. Outros números também não são nada animadores na divulgação de hoje:
Q1 PIB anualizado, QoQ: -4,8% vs. -4,0% esperado (esse índice foi de + 2,1% no 4o trimestre de 2019)
Q1 Consumo pessoal: -7,6% vs. -3,6% esperado, + 1,8% no Q4 de 2019
Q1 PCE (Price Consumption Estimaprincipal (anualizado contra o último trimestre de 2019): + 1,8% vs. + 1,7% esperado, + 1,3% no Q4 de 2019. A medida de gasto com consumo pessoal (PCE) é uma estatística componente do consumo no produto interno bruto (PIB) coletada pelo Bureau of Economic Analysis (BEA) dos Estados Unidos. É essencialmente uma medida de bens e serviços direcionados a indivíduos e consumidos por indivíduos. Junto com o CPI é um dos indicadores de inflação nos EUA.
A contração relatada de 4,8% no PIB foi a maior queda desde o final de 2008.
"O declínio no PIB do primeiro trimestre foi, em parte, devido à resposta ao spread do COVID-19, quando os governos emitiram ordens de 'ficar em casa' em março", disse a BEA no seu comunicado. "Isso levou a rápidas mudanças na demanda, à medida que empresas e escolas mudaram para trabalho remoto ou operações canceladas, e os consumidores cancelaram, restringiram ou redirecionaram seus gastos".
O relatório do PIB do primeiro trimestre destacou a devastação econômica que o coronavírus induziu mesmo em seus estágios iniciais na economia dos EUA. Em -7,6%, a queda no consumo pessoal foi a mais rápida desde o segundo trimestre de 1980 e dobrou a taxa no pior momento da crise financeira global. Os gastos do consumidor representam cerca de dois terços da atividade econômica dos EUA.
O consumo de serviços encolheu 10,2% no primeiro trimestre em relação ao período anterior, a maior contração já registrada na história. O consumo das famílias por serviços tirou 5,61 pontos percentuais do PIB.
Outras áreas da economia também se enfraqueceram bastante no primeiro trimestre. O investimento fixo em negócios caiu 8,6% no primeiro trimestre - o maior indice desde 2009 - com as empresas reduzindo os planos de gastos, enquanto a pandemia forçou o fechamento de negócios e reduziu a demanda.
O PIB só não caiu mais no primeiro trimestre por conta das exportações líquidas e dos gastos do governo, cada um dos quais agregando ganhos modestos, porém. Mas estes não foram, no entanto, suficientes para contrabalançar os acentuados declínios em outras partes da economia.
Mesmo assim, após a publicação dos resultados, a bolsa americana subia aproximadamente 2% no S&P500. Mais uma lição da série "nunca subestimem o poder de imprimir dinheiro dos Bancos Centrais". Isso sempre dará certo para salvar temporariamente Wall Street do caos. Até um dia onde não vai mais dar certo.