Foi uma das principais notícias do final de semana de feriado aqui nos EUA: O Softbank, do badalado Masayoshi Son, lucrou US$ 4 Bilhões comprando calls em empresas de tecnologia. Não tardou para os súditos seguidores do guru japonês alardearem que foi mais uma tacada de mestre do Midas oriental, aquele que onde toca tudo vira ouro imediatamente. Mas não foi bem assim a história, e vamos explicar nesse artigo porque você deve olhar com olhos mais atentos os movimentos de Son e sua trupe.
Softbank: o sonho e a realidade de Masayoshi Yasumoto
O SoftBank foi fundado em setembro de 1981 por Masayoshi Yasumoto (nascido em 31 de agosto de 1957 em Kyushu, Japão), então com 24 anos de idade.
Yasumoto era um nome muito complicado para carregar, e por isso ficou mesmo é o Son. Ele faz parte da 3a geração de coreanos de sua família, e hoje é um orgulhoso cidadão japonês que carrega a herança sul-coreana.
Antes de viajar para os Estados Unidos para estudar em 1973, ele tentou várias vezes se encontrar com Fujita Den, presidente da McDonald’s Company (Japão), para buscar seus conselhos. Quando finalmente se conheceram, Fujita aconselhou Son a estudar ciência da computação. Quase 20 anos depois, os dois se encontraram novamente. Naquela época, Son havia se tornado um distribuidor líder de software de computador e publicações relacionadas ao tema no Japão e era presidente da Softbank Corp. Fujita ficou profundamente comovido quando Son o agradeceu pelo conselho que havia dado anos antes.
Son formou-se na University of California, Berkeley, em 1980 com um B.A. em economia. Enquanto estava na escola, ele e um grupo de outros alunos desenvolveram um dispositivo de tradução de som capaz de converter o japonês para o inglês e o alemão. Ele vendeu a tecnologia para a Sharp Corporation e usou os lucros para estabelecer o predecessor do Softbank após seu retorno ao Japão em 1981. Desde cedo Son queria fazer muita coisas no mundo dos negócios, e seus colegas diziam que ele não pararia tão cedo com certeza.
O sucesso espetacular de Son o comparou a Bill Gates, co-fundador da Microsoft Corporation; Morita Akio, chefe de longa data da Sony Corporation; e Honda Soichiro, fundador da fabricante de automóveis e motocicletas que leva seu nome.
Son, no entanto, fazia questão de dizer que era diferente dos outros porque ele sozinho expandiu seus negócios usando táticas agressivas de fusão e aquisição. Seu modus operando era financiar fusões e aquisições emitindo títulos corporativos em vez de obter empréstimos de bancos. Son definiu sua tática como “guerra diplomática” na qual tanto a Softbank quanto a empresa que ela buscava adquirir ganharam algo sem ter se envolvido em um confronto de tudo ou nada com os banqueiros.
Desde que ele ofereceu pela primeira vez as ações da Softbank no mercado em julho de 1994 para obter capital, Son teria investido entre US$ 3 bilhões e US$ 5 bilhões em fusões e aquisições. Isso incluiu a compra da Phoenix Publishing Systems Inc., operações de convenção e divisão de publicação da Ziff-Davis, Inc.; os direitos de hospedar COMDEX, a maior feira comercial da indústria de computadores, do Grupo de Interface; e uma participação majoritária na Kingston Technology Company, Inc., uma fabricante americana de chips de memória.
Em 1996, o Softbank ingressou na News Corporation of Australia, administrada pelo magnata da mídia Rupert Murdoch, na compra de 21% das ações da Asahi National Broadcasting Co., Ltd., uma importante estação de televisão comercial japonesa. Um segmento da mídia chamou o anúncio de uma invasão inesperada de capital estrangeiro do mundo da radiodifusão japonesa. O Softbank e a News Corporation venderam sua participação nesse negócio em 1997.
Naquele ano, o Softbank começou a investir em várias iniciativas globais de Internet. Apesar de perder cerca de 75 bilhões de ienes (US$ 748 milhões) no crash das pontocom de 2000, Son estabeleceu um serviço de banda larga com a Yahoo Japan Corporation no ano seguinte. Em 2006, Son planejou a aquisição da Vodafone KK pelo Softbank, o braço japonês do grupo de telefonia móvel Vodafone.
Desde então os negócios cresceram muito. Mas muita coisa também foi exótica, para falar o mínimo. Em 28 de janeiro de 2008, foi anunciado que o SoftBank e a Tiffany & Co. colaboraram na fabricação de um celular limitado para 10 modelos apenas. Este celular contém mais de 400 diamantes de platina, totalizando mais de 20 quilates, com um custo estimado em mais de 100 milhões de ienes (algo em torno de 940 mil dólares, no câmbio de 09 de setembro de 2020). Excentricidades também devem fazer parte de todo empresário de sucesso, não é mesmo?
Em 15 de outubro de 2012, o SoftBank anunciou planos para assumir o controle da American Sprint Nextel, comprando uma participação de 70% por $ 20 bilhões. Em 6 de julho de 2013, a Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos aprovou a aquisição da Sprint Corporation pelo SoftBank por US$ 22,2 bilhões por uma participação de 78% na Sprint. A aquisição envolveu um pagamento de US$ 17,2 bilhões em dinheiro aos acionistas da Sprint, com o saldo de US$ 5 bilhões como contribuição de capital. A transação foi financiada em dinheiro e um empréstimo-ponte de um consórcio de bancos, que obviamente envolveu grandes corporações financeiras. Son parecia não estar mais tão bravo assim com os donos do dinheiro. Em 6 de agosto de 2013, o SoftBank comprou mais 2% de ações da Sprint Corporation, aumentando sua participação na empresa para 80%.
Vários outros investimento nos anos seguintes faziam a midia e o mundo financeiro louvar Son como o gênio dos negócio no pais do Sol Nascente:
- em outubro de 2013, adquiriu 51% das ações da Supercell por US$ 2,1 bilhões;
- mais tarde, em 25 de outubro de 2014, eles investiram US$ 210 milhões na OlaCabs, US$ 627 milhões na Snapdeal com 30% de participação na empresa;
- em 28 de outubro de 2014 e um investimento de US$ 100 milhões na Housing.com
- em 2013 a empresa comprou o controle acionário da francesa Aldebaran Robotics, rebatizada de SoftBank Robotics. No ano seguinte equipes de ambas as empresas co-projetaram o Pepper, um robô humanoide. Em 2015, a SoftBank aumentou sua participação para 95% da Aldebaran Robotics.
Em julho de 2015, a SoftBank anunciou a renomeação da empresa de SoftBank Corp. para SoftBank Group Corp. Enquanto isso, o SoftBank Mobile foi renomeado para SoftBank Corp., o agora antigo nome da empresa como um todo. Em 16 de fevereiro de 2016, o SoftBank anunciou que recompraria um recorde de 14,2% das ações, avaliadas em $ 4,4 bilhões, a fim de aumentar a confiança dos investidores.
Parecia que dali em diante as vendas seriam a realidade na vida de Son. Em 31 de março de 2016, eles anunciaram que venderiam ações no valor de $ 7,9 bilhões de sua participação no Grupo Alibaba. Em 21 de junho de 2016, o SoftBank vendeu sua participação de 84% na Supercell por US $ 7,3 bilhões informados para a Tencent. Em 3 de junho de 2016, o Softbank concordou em vender a maior parte de sua participação na GungHo Online Entertainment (aproximadamente 23,47%) por cerca de $ 685 milhões, o que encerraria, assim, a participação majoritária da Softbank na empresa, resultando na Gungho deixar de ser associada do Softbank.
Em junho de 2016, Nikesh Arora deixou o cargo de presidente do SoftBank em meio à pressão dos investidores. O membro do conselho Ron Fisher e o fundador da Baer Capital Partners, Alok Sama, entraram em cena para gerenciar as obrigações de investimento no exterior de Arora. Apenas um mês depois, Son anunciou o maior negócio da empresa para comprar a designer britânica de chips ARM Holdings por mais de US$ 32 bilhões. Esta aquisição foi concluída em 5 de setembro de 2016.
Em 6 de dezembro de 2016, após uma reunião com o presidente eleito Donald Trump, o presidente-executivo Masayoshi Son anunciou que o SoftBank iria investir US$ 50 bilhões nos Estados Unidos para empresas ajudar a criar 50.000 novos empregos nos EUA.
Son: o queridinho de muitos poderoso, e não somente no Japão
Masayoshi Son e Donald Trump, em 2016, antes da eleição presidencial daquele ano
Todo bilionário tem que ter boas conexões políticas. E Masayoshi Son não deixa por menos.
Vários são os momentos onde ele é flagrado com presidentes de paises importantes, reis árabes, príncipes, e outras figuras carimbadas do mundo político.
O que vai ser do Softbank no futuro?
Ninguém tem bola de cristal, mas para mim muita coisa ainda vai surgir do fundo do poço nesse mar de empresas que o Softbank e M. Son investem. Várias já deram muito prejuizo, como a badalada WeWork, do novo hippie Adam Neumann (leia mais sobre esse exótico tipo de empreendedor clicando aqui).
O Vision Fund é outra coisa que vamos em breve abordar aqui. Tem dinheiro de muita gente graúda (países árabes, Apple, Qualcomm, entre outros) e uma estrutura de financiamente não usual até então para startups: priorizar financiamento por dívida ou invés de equity. Vamos ver no que vai dar. Mas a receita tem tudo para ser um caldeirão de água fervente.