Como era de se esperar, os dados econômicos negativos começam a se acumular, e alguns são assustadores, como os relativos a hipoteca de casas. Como todos devem imaginar, a sombra do que aconteceu em 2008 ainda assusta muita gente, que passou por aqueles períodos complicados na última grande crise financeira com muita resiliência. E esse setor começa a assustar também agora.
Uma matéria recente do site econômico CNBC, um dos mais visitados por aqui, mostrou números bem preocupantes. Dados relativos a 1a semana de abril no setor imobiliário mostraram que as solicitações para resgate de hipotecas do governo aumentaram 78% em apenas uma semana. Um número enorme, principalmente pela velocidade com a qual esses quase 80% forma atingidos. Em outras crises a situação demorava a se consolidar como crítica, hoje parece que tudo ocorre em 1 ou 2 semanas.
À medida que o desemprego vem aumentando, e mais americanos lutam para sobreviver, cada vez mais os proprietários com dividas estão se candidatando ao programa de indenização por hipoteca do governo sob o plano de alívio de coronavírus, recentemente aprovado.
O que hoje é conhecido como CARES Act (Coronavirus Aid Relief and Economic Security Act) foi aprovado no Congresso no dia 27 de março de 2020, e, entre outras medidas, permite que os mutuários com empréstimos apoiados pelas agências Fannie Mae, Freddie Mac e Ginnie Mae posterguem até um ano de pagamentos mensais.
Vale lembrar que esse dinheiro terá que ser pago no futuro, logo após o período de 12 meses ou em um plano de pagamentos de mais longo do tempo. Os pedidos de indenização aumentaram assustadores 78% na semana encerrada em 5 de abril, em comparação com a semana anterior, de acordo com a Mortgage Bankers Association (MBA), a entidade reponsável pela liberação destes dados. O número de mutuários atualmente nesta situação superou 2 milhões; a participação no total de empréstimos nas carteiras de serviços aumentou de 2,73% para 3,74% do total das carteiras de serviços bancários e não bancários.
As hipotecas apoiadas pela Ginnie Mae apresentaram o maior crescimento semanal e tiveram a maior parcela de leniência, correspondente a 5,89% do total da carteira de serviços. A Ginnie Mae apóia empréstimos do FHA (Federal Housing Administration) e VA (Veterans Affairs), que têm opções de baixa a nenhuma entrada e são feitos para mutuários com pontuação de crédito geralmente mais baixa.
"A paralisação nacional da economia para retardar a disseminação do COVID-19 continua a criar dificuldades para milhões de famílias, e mais pessoas estão entrando em contato com seus funcionários para obter alívio, de acordo com as disposições de tolerância da Lei CARES", disse Mike Fratantoni, chefe do MBA economista. "Com os esforços de mitigação aparentemente em andamento por pelo menos várias semanas, as perdas de empregos continuarão e o número de mutuários que pedem tolerância provavelmente continuará a aumentar em ritmo acelerado".
Para empréstimos apoiados por Fannie Mae e Freddie Mac, que representam pouco mais da metade do mercado hipotecário geral, a participação dos empréstimos em tolerância passou de 1,69% do volume total de serviços para 2,44%.
Indices na manufatura também bateram recordes negativos
A manufatura na área de Nova York caiu para seu maior registro histórico, muito pior do que qualquer coisa já vista em outras crises financeiras, com durante a Grande Recessão de 2008. Os dados foram liberados nesta quarta-feira, dia 15 de abril de 2020.
O índice de manufatura do Empire State para abril atingiu -78,2, pior ainda que os -32,5 esperado pelos economistas consultados pela Dow Jones. A pior leitura do índice foi de -34,3 durante a crise financeira de 2008, o que mostra o ineditismo da crise que estamos vivendo.
O índice mede as empresas que reportam melhores e piores condições no mês passado. Apenas 7% relataram condições mais fortes, enquanto 85% disseram que as coisas haviam enfraquecido susbtancialmente.
Como as empresas fecharam devido a restrições por conta da epidemia do Covid19, não foi surpresa que as empresas de Nova York, que tem sido o epicentro dos casos nos EUA, experimentassem uma desaceleração ou quase uma paralisação total. No entanto, os números assustaram que acompanha o setor há muito tempo.
Estamos apenas começando com as más noticias. Apesar de torcer para que isso passe logo, acredito que os investidores devem se preocupar quando tiverem a intenção de modificar a sua linha de raciocínio para novos investimentos. A hora é de paciência, uso de reservas e de avaliar semanalmente como a economia vai se comportar.
O mar de incertezas ainda vai ficar revolto e com ondas altas por muito tempo para quem pretende surfar. Todo cuidado é pouco.